Neste ano letivo iniciamos a iniciativa “7 docentes, 7 perguntas”, na qual damos a conhecer alguns docentes da nossa equipa que, juntamente com os nossos alunos, contribuem para o sucesso da formação da EPCVP.
Nesta primeira entrevista, ficamos a conhecer a Por. Teresa Reis através de sete perguntas bem descontraídas. Tem 59 anos, é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas- estudos portugueses e franceses, e é professora de português na nossa escola há mais de 20 anos, tendo assumido, este ano, a direção pedagógica da EPCVP.
Uma frase ou mote que a represente?
Não tenho apenas um, depende do dia em que me encontro. Mas aquele mote com que mais me identifico é “Eu consigo”. Ao longo da vida, temos de enfrentar, por vezes, situações menos agradáveis e, por vezes, dolorosas. A minha receita é contorná-las, de forma positiva, encarando-as, sempre, como um crescimento pessoal.
Cães ou gatos? Porquê?
Cães, sem dúvida. Os cães são amigos fiéis e sociáveis, característica que não encontro nos gatos. Sempre que chego a casa, ao fim do dia, é o meu cão, o Bob, um Golden Retriever de 6 anos, quem primeiro me vem cumprimentar, à porta, de cauda a abanar, como se já não me visse há uma eternidade. Esta interação entre dono e animal não me parece que exista com os gatos. Para além disso, os cães, graças às suas necessidades fisiológicas, obrigam-nos a sair de casa e a caminhar, coisa que eu adoro fazer. Como digo, na brincadeira, eu não tenho um cão, tenho um “cãopanheiro”.
O que a inspirou e motiva a dar aulas de Português?
Desde pequena que sempre quis ser professora. Quando cheguei ao ensino secundário, no 10º ano, no liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, tive uma professora de Português, chamada Ema Tarracha, que conseguiu despertar em mim o gosto pela literatura. Eu já gostava muito de ler, mas a forma como ela dava as aulas e expunha as matérias, envolvendo os alunos nas atividades, fez com que eu a visse como um modelo a seguir. Foi minha professora até ao 12º ano e ficamos amigas. Mais tarde, já eu andava na faculdade de Letras, convidou-me para assistir à apresentação da sua tese de mestrado.
Hoje em dia, quando ensino, tento, ao máximo, despertar nos alunos o gosto pela leitura, pois é, também, uma forma de aprenderem a escrever corretamente. A percentagem de alunos com dificuldades de expressão oral e escrita na língua portuguesa é de tal forma elevada, atualmente, que, contribuir para que este problema seja ultrapassado, tem de ser uma preocupação transversal aos professores de todas as disciplinas.
Qual a matéria que mais gosta de ensinar?
A matéria que mais gosto de ensinar é literatura portuguesa. Gosto de vários autores, mas é Fernando Pessoa quem mais me fascina. Por ser um escritor multifacetado (os heterónimos são disso o melhor exemplo), sinto que, cada vez que é ele e a sua obra o objeto das minhas aulas, descubro sempre novos sentidos e interpretações nas suas poesias. Curiosamente, ainda que muitos alunos se queixem do grau de complexidade das suas poesias, em conjunto, conseguimos interpretá-las e perceber os sentidos ocultos.
Quais os principais desafios da atividade de docente e como os supera?
Na atividade docente, o objetivo é que todos os alunos tenham sucesso. É para isso que os professores trabalham, diversificando as suas estratégias e as atividades que propõem aos alunos. O meu principal desafio é, por isso, conseguir que todos os alunos, independentemente dos problemas de aprendizagem ou comportamentais que apresentem, consigam ter sucesso, transitando de ano ou validando os módulos. Nem sempre é fácil consegui-lo, por isso as estratégias que utilizo têm de ser adaptadas às características de cada aluno. Na minha opinião, é pela diversificação de estratégias e respeitando os diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos (a chamada diferenciação pedagógica) que os professores os ajudam a alcançar o sucesso escolar.
Ao longo do tempo que ensina na nossa escola, houve algum momento especial, ou marcante, que queira partilhar?
Nesta escola, já vivi vários momentos especiais. São momentos especiais, por exemplo, todas as apresentações das PAP, no final do 3º ano, quando os alunos se estão a despedir da escola, com o sentimento de dever cumprido. É muito gratificante sentir que, com todos eles, vai um bocadinho de nós e dos nossos ensinamentos. Sentir que também nós somos responsáveis pelo sucesso que alcançaram. São momentos especiais, também, todas as mensagens que recebo de alunos que concluíram o curso e me informam que prosseguiram estudos no ensino superior, depois de terem tido uma boa nota no exame de Português do 12º ano. Nesse momento, e com grande orgulho dos alunos, a sensação de dever cumprido é minha.
Se tivesse de distinguir “o” momento especial, talvez recordasse o ano em que, no ranking nacional das escolas, a nossa escola, num universo de 671 escolas, ficou em 37º lugar e, no distrito de Lisboa, foi considerada a 4ª melhor. Nessa altura, senti, como ainda hoje sinto, um grande orgulho por ser professora na escola profissional da Cruz Vermelha portuguesa.
Se pudesse deixar uma mensagem aos nossos alunos, qual que seria?
Nunca desistam de lutar por aquilo que mais desejam alcançar. O cansaço e o desânimo resultam do esforço e não do fracasso. A vida é feita por capítulos e um capítulo menos bom não significa o final da história.